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ATIVIDADES MANDIOCA-BRAVA

CONHECIMENTOS POPULARES 

 

A MANDIOCA-BRAVA

Manihot esculenta é uma espécie pertencente à família Euphorbiace, que produz uma raiz rica em amido, popularmente conhecida por mandioca, aipim, macaxeira, dentre outros nomes. Foi domesticada para fins alimentícios, cerca de 9 mil anos atrás, por grupos indígenas da região da Amazônia. A variedade conhecida como mandioca selvagem ou mandioca-brava possui alta concentração de ácido cianídrico, que, se não for devidamente tratada para eliminar a toxicidade, possui um perigoso potencial letal (MOON, 2018).

Nesta unidade, temos 3 atividades, sendo 1 lenda, 1  literatura e 1 peça teatral. Na atividade 1, temos a lenda indígena que conta a origem da mandioca. Na atividade 2, temos a presença da mandioca na literatura brasileira. Na atividade 3, temos a mandioca-brava como inspiração para uma peça teatral.

CONTEÚDOS

Lendas, literatura e peças de teatro que contemplam a mandioca-brava.

PROBLEMATIZAÇÃO

Responder as questões: "Como a planta mandioca-brava  se relaciona com a cultura popular e tradicional e como pode ser representada e usada nas expressões culturais e artísticas?"

PROCEDIMENTO DAS ATIVIDADES:

35 min:

I. Distribuir as atividades abaixo para as duplas que trabalharão com mandioca-brava:

Atividade para a dupla MANDIOCA-BRAVA 1

1. A dupla deve analisar a lenda "A Mandioca", respondendo a

seguinte pergunta:

"O que a dupla pensa sobre a lenda da mandioca, considerando

sua importância, significado e representatividade para o povo

indígena?"

2. Prepare uma apresentação artística sobre a lenda e apresente

para a turma. Algumas ideias são: tocar e cantar uma música,

apresentar uma coreografia, representar numa história ilustrada,

como quadrinhos ou livro... A dupla deve ser criativa, usar a

imaginação e diversidade de materiais. O trabalho deve ser

apresentado e/ou exposto na mostra cultural.

Lenda: A MANDIOCA

    "A história que os índios brasileiros contam sobre a origem da mandioca toma caminho semelhante. Uma das mais bem elaboradas lendas sobre essa origem é a dos tupis, registrada, ao que parece pela primeira vez, em 1876, por Couto de Magalhães. Contam eles que em tempos muito remotos a filha de um grande chefe apareceu grávida. Ofendido em seu orgulho, o cacique procurou arrancar da filha o nome do autor da desonra. Empregou todos os meios, pedidos, súplicas, castigos e até tortura. A moça sempre respondeu que ninguém a engravidara. O chefe, não acreditando, pensou em matá-la. Quando estava prestes a sacrificá-la, já decidido pela morte da jovem, teve um sonho no qual lhe apareceu um homem branco que lhe disse para não matar a jovem, afirmando que ela era inocente, que nenhum homem a tocara. Assim aconteceu e nove meses depois nasceu uma linda menina branca, o que causou enorme espanto a todos da tribo e aos povos vizinhos, já que nunca homem branco algum estivera por lá. Todos iam visitar a mãe e a sua lindíssima filha, que recebera o nome de Mani. Muito precoce, Mani praticamente nasceu andando e falando.

    Quando estava para completar um ano, sem que ninguém atinasse com a causa, a menina morreu dormindo. Foi enterrada dentro da própria taba. O local onde a menina estava enterrada era regado diariamente pela mãe. Depois de algum tempo, uma planta brotou ali, crescendo e dando frutos. Os pássaros que a bicavam e comiam ficavam como que embriagados. Um dia, fendendo-se a terra, as raízes da planta foram descobertas, raízes que na sua forma eram muito parecidas com o corpo de Mani, assim disseram os que as viram. A planta logo começou a ser chamada de Mani-oca, ou seja, a casa de Mani.
    Os indígenas foram dando à planta também outros nomes, mani, aypi, ubi-antam, macaxeira, maniva, maniveira, dependendo da região do país, muito consumida por todos como alimento. Com o tempo, descobriu-se que a planta, era de dois tipos. A um deram o nome de doce, mandioca doce, e a outro o nome de brava, mandioca brava ou amarga. A mandioca doce foi também chamada de aipim (a que nasce ou que brota do fundo). Na região nordeste do Brasil, esse tipo de mandioca também tomou o nome de macaxeira, mandioca mansa (...). A outra, a brava, devido à presença de grande quantidade de ácido cianídrico, como se constatou, era muito venenosa. Mas era desta, a brava, que vinha a farinha (farinha-de-pau) que os índios aprenderam a fabricar, eliminando o seu mortal veneno pela lavagem, cozimento ou por longa exposição da raiz e de seus subprodutos ao sol. A mandioca brava era também chamada de maniva ou maniba (planta que entorpece)."

(Trecho do texto "A Mandioca", de Cid Marcus, retirado do blog Blog Cid Marcus. Disponível em: <http://cidmarcus.blogspot.com/2012/02/mandioca.html>. Acesso em: 16 mai. 2019.)

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Mandioca-brava

Atividade para a dupla MANDIOCA-BRAVA 2

1. A dupla deve analisar o texto "A universalidade da literatura

brasileira", respondendo a seguinte pergunta:

"O que Riobaldo procura explicar sobre a natureza humana ao

comparar a mandioca-brava com a mandioca-doce?"

2. Prepare uma apresentação artística sobre o texto e apresente

para a turma. Algumas ideias são: tocar e cantar uma música,

apresentar uma coreografia, representar numa história ilustrada

, como quadrinhos ou livro... A dupla deve ser criativa, usar a

imaginação e diversidade de materiais. O trabalho deve ser

apresentado e/ou exposto na mostra cultural.

Texto: A universalidade da literatura brasileira

    "(...)

    Em Grande Sertão : Veredas. de Guimarães Rosa, o drama do homem diante do bem e do mal aparece na vida do jagunço, que é um fenômeno típico do sertão brasileiro; ou, o que é o mesmo, ao descrever o que parece tipicamente brasileiro, o artista descobre apenas uma outra versão do drama de Fausto, isto é, do homem que vende a alma ao diabo. Riobaldo, o herói do romance, chega ao fim da vida sem saber se o demônio existe ou não, sem saber se teve ou não valor o pacto que tentou fazer com o príncipe do mal. Para responder a essa pergunta angustiante, examina não apenas a sua vida e a vida de seus amigos e inimigos, mas também os aspectos do bem e do mal que se revelam na natureza. Se esta é a natureza brasileira, cujas peculiaridades poetas e prosadores tentaram descrever, nela Riobaldo descobre manifestações de uma ambiguidade que domina o homem e todo o universo. Considere-se, como exemplo entre muitos possíveis, a observação da mandioca:

    "Melhor, se arrepare: pois, num chão, e com igual formato de ramos e folhas, não dá a mandioca mansa que se come comum, e a mandioca-brava, que mata? Agora, o senhor já viu uma estranhez? A mandioca-doce pode de repente virar azangada - motivos não sei; às vezes se diz que é por replantada no terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas - vai em amargando, de tanto em tanto, de si mesma torna peçonhas. E, ora veja: a outra, a mandioca-brava, também é que às vezes pode ficar mansa, a esmo, de se comer sem nenhum mal. E que isso é? (Rosa, 1956)

(...)"

(Trecho do texto "A universalidade da literatura brasileira", de Dante Moreira Leite, retirado do livro O caráter nacional brasileiro: história de uma ideologia. Disponível em: <https://books.google.com.br>. Acesso em: 16 mai. 2019.)

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Mandioca-brava

Atividade para a dupla MANDIOCA-BRAVA 3

1. A dupla deve analisar o vídeo, a canção e o texto que tratam peça teatral "A Mandioca-Brava", respondendo as seguinte perguntas:

   a) Como a peça de teatro "A Mandioca-Brava" se relaciona com a obra "A Mandrágora" de Maquiavel? 

   b) Quais foram as intenções dos criadores da peça ao readaptar a obra "A Mandrágora?

   c)A canção "Chá de Mandioca-Brava" fala dos benefícios do chá desta planta. Quais conhecimentos o grupo acredita que são necessários para preparo deste chá?

2. Prepare uma apresentação artística sobre a peça teatral e apresente para a turma. Algumas ideias são: tocar e cantar uma música, apresentar uma coreografia, representar numa história ilustrada, como quadrinhos ou livro... A dupla deve ser criativa, usar a imaginação e diversidade de materiais. O trabalho deve ser apresentado e/ou exposto na mostra cultural.

O Chá de Mandioca-Brava

Leonardo Mendonza

 

Derun derun derun Derê... Derêrêrê Rêrêrêrê

 

Põe fogo na panela e deixa ela suada. Vamos fazer o chá da Mandioca Brava (4X)

Eu tava na peneira, foi quando ela passou

Fartura de beleza, foi me dando um calor

Fiz compra lá na feira e preparei com amor

a mandioca inteira, do chá ela gostou

Põe fogo na panela e deixa ela suada. Vamos fazer o chá da Mandioca Brava (4X)

O chá é milagreiro, você tem que provar

acende o candeeiro, faz a vida melhorar

Se a mandioca é brava, cozinha ela assim:

É dura no começo e macia lá no fim!

Põe fogo na panela e deixa ela suada. Vamos fazer o chá da Mandioca Brava (4X)

Derun derun derun Derê... Derêrêrê Rêrêrêrê

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=v5S4y3-BbWM>. 

Acesso em: 26 nov. 2019.

Trechos do texto "DESIGN, IDENTIDADE, CULTURA E TERRITÓRIO: UMA ANÁLISE DO DESIGN CÊNICO NO ESPETÁCULO 'A MANDIOCA BRAVA'"

    "O ESPETÁCULO

 

    O texto da montagem de “A Mandioca Brava” é adaptado do original de Nicolau Maquiavel “A Mandrágora”, escrito em 1503, o qual apresenta reflexões críticas a respeito de temas comuns em todos os tempos na história da humanidade. A partir de uma comédia leve sobre o comportamento humano, “A Mandrágora” satiriza os seus interesses mais íntimos, como a luxúria, a ganância, as instituições familiares e os papeis representados pela mulher, pela Igreja e pela religiosidade na sociedade. 

    A versão dessa estória de Nicolau Maquiavel apresentada pelo grupo Spetáculo Casa de Artes não interfere em nada os princípios políticos e morais apresentados pelo autor. A proposta pretendeu aproximar um pouco mais o texto, que no original parece hermético, do público contemporâneo, utilizando uma linguagem mais popular e atualizando os temas apresentados. Uma das características apresentadas pelo texto de Maquiavel é sua atualidade, o que possibilitou ao grupo uma adaptação bem fiel ao texto original, pois a composição das personagens da trama é bastante complexa, muito próxima do nosso cotidiano, de modo que não conseguimos compreende-la de forma maniqueísta. Essa construção possibilitou ao grupo a atualização de personagens e linguagens sem perder a fidelidade apresentada por Maquiavel.

    (...) A proposta de “A Mandioca Brava” parece ultrapassar simplesmente as questões da compreensão do texto pelos espectadores e propõe uma imersão dos temas apresentados na obra original dentro do universo mineiro, pretendo, com isso, fornecer uma maior identificação pelo público.

    (...)  

    (...) A proposta de “A Mandioca Brava” aprofunda esse aspecto trazendo, também, para a leitura do texto original as localidades mineiras e o sotaque na linguagem, além da utilização de expressões idiomáticas tipicamente mineiras. A adaptação de “A Mandioca Brava” foi proposta para que a estória transcorresse temporalmente no presente, em alguma cidade do interior de Minas Gerais, para dentro da cultura popular mineira, aproveitando toda a ironia e o humor apresentados pelo autor.

    O Espetáculo “A Mandioca Brava” coloca tanto no título quanto em suas expressões elementos linguísticos regionais da mineiridade. Em entrevista fornecida para o programa televisivo Globo Horizonte da Rede Globo Minas, o grupo revelou que o título da montagem teve sua origem na escolha de uma raiz que transmitisse, para os brasileiros, algumas características semelhantes às que a mandrágora transmitia aos europeus. Ambas as raízes são venenosas, mas uma delas pode ser utilizada como produto medicinal e a outra como produto alimentar, sendo que as duas possuem uma tradição mítica, com aparência visual antropomórfica.

    (...)"

(Trechos do texto "Design, identidade, cultura e território: uma análise do design cênico no espetáculo 'A Mandioca Brava'", de  Yuri Simon da Silveira e Dijon De Moraes. Disponível em : <https://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/design-identidade-cultura-e-territrio-uma-anlise-do-design-cnico-no-espetculo-a-mandioca-brava-24308>. Acesso em 26 nov. 2019.)

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Mandioca-brava

60 min:

II. Mostra Cultural.

 

AVALIAÇÃO

O professor avalia a partir do envolvimento dos estudantes ao realizarem o trabalho e a fidelidade à obra original, no momento da apresentação.

 

REFERÊNCIAS

MOON, Peter. A forma mais popular da mandioca é consumida há 9 mil anos. Agência FAPESP. 19 abr. 2018. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/forma-mais-popular-da-mandioca-e-consumida-ha-9-mil-anos/27608/>. Acesso em: 01 mai. 2019.

MATERIAL UTILIZADO NAS ATIVIDADES

CHÁ de mandioca brava: Léo Mendonza. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=v5S4y3-BbWM>. Acesso em: 26 nov. 2019.

GRUPO de teatro Spetáculo Casa de Artes. Mandioca brava. 2013. Teatro. Disponível em: <http://cidmarcus.blogspot.com/2012/02/mandioca.html>. Acesso em: 16 mai. 2019.

LEITE, Dante Moreira. A universalidade da literatura brasileira. In: LEITE, Dante Moreira. O caráter nacional brasileiro: história de uma ideologia. Ateliê, 2017.

MANDIOCA-BRAVA. Disponível em: <https://fernandobraganca.com.br/2016/06/page/2/>. Acesso em: 18 fev. 2020.

O CHÁ da mandioca brava. Intérprete: Grupo de teatro Spetáculo Casa de Artes. Compositor: Leonardo Mendonza. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=v5S4y3-BbWM>. Acesso em: 26 nov. 2019.

O CHÁ da mandioca brava (Léo Mendonza) – Trilha do espetáculo Mandioca Brava. Mendozamundi, 05 nov. 2016. 1 vídeo (1:52 min). Publicado por Mendonzamundi. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=v5S4y3-BbWM>. Acesso em: 26 nov. 2019.

 

MARCUS, Cid. A mandioca. Cid Marcus. São Paulo, 14 fev. 2012. Disponível em: <http://cidmarcus.blogspot.com/2012/02/mandioca.html>. Acesso em: 16 mai. 2019.
 

SILVEIRA, Yuri Simon da; MORAES, Dijon De. Design, identidade, cultura e território: uma análise do design cênico no espetáculo 'A Mandioca Brava. In: Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 12., 2016, Belo Horizonte. Anais do 12º P&D 2016. São Paulo: Blucher Design Proceedings, out. 2019, v. 9, n. 2, p. 839-850.

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