CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS QUE CERCAM A AROEIRA-BRAVA

ATIVIDADES MANDIOCA-BRAVA
CONHECIMENTOS POPULARES
A MANDIOCA-BRAVA
Manihot esculenta é uma espécie pertencente à família Euphorbiace, que produz uma raiz rica em amido, popularmente conhecida por mandioca, aipim, macaxeira, dentre outros nomes. Foi domesticada para fins alimentícios, cerca de 9 mil anos atrás, por grupos indígenas da região da Amazônia. A variedade conhecida como mandioca selvagem ou mandioca brava possui alta concentração de ácido cianídrico, que, se não for devidamente tratada para eliminar a toxicidade, possui um perigoso potencial letal (MOON, 2018).
Nesta unidade, temos 3 atividades, sendo 3 artigos jornalísticos disponíveis pela internet. No vídeo da Atividade 1, temos uma reportagem contando o caso de uma garota que foi intoxicada pela mandioca-brava. Na atividade 2, temos um texto relatando os benefícios dessa planta para a saúde. Na atividade 3, temos um blogueiro que comenta pratos típicos feitos a partir da mandioca-brava.
CONTEÚDOS
Plantas tóxicas
Conhecimento popular sobre a planta mandioca-brava.
PROBLEMATIZAÇÃO
Responder as questões: "Como a planta mandioca-brava interfere culturalmente na vida do homem comum, considerando os conhecimentos populares?"
PROCEDIMENTO DAS ATIVIDADES:
10 min:
I. Distribuir uma cópia colorida da seguinte imagem da planta mandioca-brava, sem identificação, para todas as 3 duplas que trabalharão com esta planta. A imagem está disponível no site <https://www.chabeneficios.com.br/cha-de-mandioca-brava-aumenta-o-apetite/>. Após analisarem a imagem as duplas devem responder as questões abaixo:
a) Alguém conhece essa planta? Qual o nome dela?
b) Quantos integrantes da dupla a conhecem ou já a viram?
c) Alguém tem essa planta em casa? É necessário ter algum cuidado especial com essa planta? Qual(is)?
d) Sabe se essa planta tem alguma propriedade mágica ou medicinal? Qual(is)? Quais os efeitos na saúde de seres humanos e animais?
e) Sabe contar alguma história que envolve essa planta? Você presenciou ou ouviu alguém contar? Registre a história.
15 min:
II. Disponibilizar os textos abaixo para as duplas e solicita-las que leiam e analisem os materiais recebidos, realizando um debate e registrando as respostas das seguintes perguntas:
a) De que se trata o texto?
b) As informações presentes no texto coincidem com os conhecimentos da dupla registrados na etapa anterior? Quais? Se não, alguém se lembrou de algo a respeito desta planta, após ler o texto? Relate a lembrança.
c) Vocês acreditam no relato do texto? A dupla possui alguma evidência que prova a resposta? Qual e por quê?
d) Na opinião da dupla, as informações presentes no texto analisado é sustentado pela ciência? Por quê?
e) A ciência pode fazer uso dessas informações? Como? Dê exemplos com outras plantas, explicando como a ciência fez uso dos conhecimentos populares sobre as plantas.
f) Quais partes da planta possuem ou liberam a toxina?
g) Segundo a opinião da dupla, em quais fatores a cultura popular se baseou para formar os conhecimentos populares vistos para esta planta? (observação, experiência pessoal, proteção espiritual, etc.)

FONTE: <https://www.chabeneficios.com.br/cha-de-mandioca-brava-aumenta-o-apetite/>. Acesso em 19 nov. 2019.
Material a ser analisado pela dupla MANDIOCA-BRAVA 1
Texto 1: Menina é internada em estado grave após comer mandioca acidentalmente
"A criança retirou a raiz de um depósito acreditando tratar-se de macaxeira. Os três irmãos também consumiram, mas somente a internada teve maiores complicações
Por G1 Santarém — PA
22/05/2018 19h34 Atualizado há 11 meses
Uma criança de sete anos de idade teve sérios problemas de saúde após comer mandioca brava. Ela está internada em estado grave desde o dia 14 de abril, no Hospital Municipal de Santarém (HMS), no oeste do Pará, e aguarda uma vaga no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). A transferência deve ser feita somente quando houver disponibilidade de leito.
Segundo a mãe da criança, Joici Rocha, a menina e seus três irmãos comeram a mandioca por volta das 16h do dia 10 de abril, na comunidade Piraquara, região do Lago Grande, e durante a madrugada os filhos começaram a passar mal e a vomitar. A mãe chamou o enfermeiro da comunidade que recomendou que ela levasse as crianças para o hospital da cidade de Juruti, por ser mais próximo da comunidade. Todos os outros filhos melhoraram, mas a criança que está internada começou a desmaiar e ter convulsões.
Em Juruti, os médicos disseram que não havia tratamento para a criança lá e encaminharam a menina para o Hospital de Santarém.
A criança foi internada no HMS já no quarto dia após o envenenamento. Ela foi levada para a sala de reanimação em estado crítico de intoxicação. Segundo o HMS, o médico neurologista diagnosticou uma lesão cortical, o que significa que a criança terá sequelas neurológicas.
Ao G1, a mãe da criança disse que a filha não anda mais e nem fala. Sente muitas dores. “As dores não passam. Ela grita dia e noite e eu não sei o que fazer. Eles disseram que ela pode ficar com sequelas. Minha filha era tão saudável...”, contou em meio a lágrimas.
Em nota, o Hospital Municipal informou que uma fisioterapeuta tem realizado sessões para ajudar na musculatura do corpo e que hospital está dado todo atendimento devido para a criança, bem como as medicações necessárias. A mãe, no entanto, afirmou que a criança ainda não fez nenhuma sessão de fisioterapia e que o medicamento necessário para a melhora da filha não tem no hospital, e que ela conseguiu por meio de doação.
“Eu publiquei essa situação na internet, e graças a Deus as pessoas aqui são boas e me deram o remédio. Agora nós só estamos esperando o médico que vai aplicar”, contou.
Ingestão acidental
Segundo Joice, após um dia de trabalho na roça, ela levou as mandiocas para casa e lá fez a separação da mandioca mansa (macaxeira) e mandioca brava. A filha de sete anos pediu para fritar a macaxeira para ela e para os três irmãos, e Joice permitiu, mas não viu que a filha tinha retirado do depósito onde estavam as mandiocas bravas. Só tomou conhecimento depois que as crianças começaram a passar mal.
Mandioca Mansas vs Mandioca brava
Segundo o médico gastroenterologista, Carlos Martins, a mandioca brava contém cianeto de hidrogênio (HCN), uma toxina termolábil e volátil, por isso, quando consumida sem o devido preparo pode levar até à morte.
“Tanto a mandioca brava quanto na mandioca mansa, produzem a toxina, mas só que na macaxeira (mandioca mansa) a quantidade de toxina é menor. Por isso a macaxeira pode ser consumida após ser cozida, já a mandioca brava somente se for torrada, que é na fabricação da farinha ou, após passar por um período longo de cozimento”, explicou.
Ainda segundo o médico, as toxinas liberada pela raiz podem causar distúrbios gastrointestinais e neurológicos, como convulsões, dilatação da pupila e até coma."
(Texto retirado do site G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/menina-e-internada-em-estado-grave-apos-comer-mandioca-acidentalmente.ghtml>. Acesso em: 01 mai. 2019.)
Material a ser analisado pela dupla MANDIOCA-BRAVA 2
Texto 2: Chá de mandioca brava aumenta o apetite
"Esse chá pode ser preparado de duas maneiras: através da infusão ou da decocção
Escrito por Katharyne Bezerra em 01/02/2018
Conhecida por aipi, aipim, macaxeira etc, a mandioca brava é uma planta que pertence à família das Euphorbiaceae. Muito utilizada no preparo de pratos tipicamente brasileiros, esta raiz também pode ser aplicada nos tratamentos de doenças que afetam o ser humano. Confira!
Propriedades da mandioca brava
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Antisséptica;
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Aperiente;
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Cicatrizante;
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Demulcente;
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Diurética.
O nome científico da mandioca brava é Manihot esculenta
Benefícios da mandioca brava
Esta planta produz muitos efeitos benéficos no organismo, tendo em vista as suas propriedades medicinais. Por esta razão, é possível afirmar que mandioca brava pode abrir o apetite de quem usufrui de seus benefícios, diminui inflamações no geral e ainda trabalha contra disenteria e hérnias.
Cansaço também pode ser superado com o uso deste tipo de mandioca. Além disso, ferimentos externos, tumores e doença de chagas são outros problemas que podem ser combatidos com o uso correto desta planta.
(...)
Contraindicações e recomendações gerais
Esta planta é extremamente saudável para o organismo humano, mas possui algumas substâncias que, se consumidas em excesso, podem levar o paciente a apresentar uma intoxicação. Por esta razão, não ultrapasse a dose recomendada anteriormente.
Além disso, busque ir ao médico sempre que se sentir desconfortável com seu corpo. Alguns sintomas simples podem ser indícios de doenças mais sérias que pedem um tratamento clínico."
(Trechos do texto "Chá de mandioca brava aumenta o apetite: esse chá pode ser preparado de duas maneiras: através da infusão ou da decocção", retirado do site Terra saúde: chá benefícios. Disponível em: <https://www.chabeneficios.com.br/cha-de-mandioca-brava-aumenta-o-apetite/>. Acesso em: 01 mai. 2019.)
Material a ser analisado pela dupla MANDIOCA-BRAVA 3
Texto 3: Gastronomia de viagem: mandioca-brava e tucupi
"AMAZONAS, BRASIL, GASTRONOMIA, PARÁ
GASTRONOMIA DE VIAGEM: MANDIOCA-BRAVA E TUCUPI
06/04/2016 RAFA TROTAMUNDOS
É difícil falar de elementos da Gastronomia Brasileira sem exaltar a importância e da Mandioca e da Macaxeira ou do Aipim. Esses e outros nomes menos conhecidos como Castelinha e Maniveira são na verdade descrições às vezes errôneas de uma planta nativa do sudoeste da Amazônia de nome científico Manihot esculenta e que se disseminou pela América do Sul e Central ainda antes da chegada dos europeus.
Apesar de ser o nome mais disseminado, não é correto chamar a planta comestível vendida nas feiras de Mandioca. Por regra, a Mandioca é “brava” e venenosa, com alto teor de ácido cianídrico (acima de 50 ppm de ácido por 100 g de polpa). O que comemos é sua parente próxima, a Mandioca “mansa”: a Macaxeira ou Aipim, conforme a região.
Felizmente é possível diferenciar a planta antes de comer! A maniva (caule) da Mandioca-brava é verde. O da Mandioca-mansa é rosáceo-avermelhado. Pronto, você não precisa mais sofrer uma intoxicação na sua próxima aventura na selva!
Então não dá pra comer Mandioca-brava?
Não dá não! Consumi-la in natura ou mal cozida pode ser fatal. E não é brincadeira não! Segundo o Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas, o primeiro sintoma seria o aumento da frequência respiratória e sensação de cansaço. Se a pessoa ficar nervosa, poderá ter taquicardia, confusão mental, coma e morte. Digo isso apenas a titulo de curiosidade, claro. Você provavelmente nunca vai precisar coletar Mandioca no meio da floresta para sobrevivência, rsss.
Mas se é tão venenosa, não é perigoso comer os derivados dela?
Não, felizmente os índios descobriram que o ácido cianídrico é volátil e com a preparação correta evapora do alimento. Através de torrefação pode-se fazer Farinha e com a fermentação e fervura prolongada e separação dos componentes, chega-se ao tão desejado Tucupi.
A Mandioca-brava, mesmo venenosa na natureza, é uma raiz extremamente versátil: desde sua folha – com a qual é preparada a Maniçoba – até a sua raiz – base de incontáveis alimentos – tudo é aproveitado. Os indígenas da Amazônia são definitivamente os responsáveis por descobrir e fazer chegar a nós todo esse saber gastronômico.
A Mandioca, brava ou mansa, é um item fundamental da nossa alimentação e deve ser mesmo valorizada. Como disse recentemente nossa presidenta, é de “saudar a Mandioca!”.
E como se prepara o Tucupi?!
Inicialmente, a Mandioca é descascada, ralada e prensada. O caldo resultante é chamado Manipueira e será utilizado para fazer o Tucupi (e também sabão, adubo, pesticida, decantador e até tijolos!), e a parte sólida restante, chamada Goma, para a Farinha, inclusive a de Tapioca.
A Manipueira nesse estágio ainda é venenosa, portanto será necessário desintoxicá-la. Isso é feito através de um ou dois dias de fermentação e posterior fervimento com Alho, Alfavaca, Pimenta-de-cheiro e Chicória (o Coentro-do-pasto). O resultado é um caldo versátil de nome – tchanãm! – Tucupi!
A Mandioca-mansa, Aipim ou Macaxeira, também rende bom tucupi, conhecido como tucupi-doce.
Como deu pra perceber, o processo é todo artesanal, mas um pouco trabalhoso, por isso as pessoas costumam comprá-lo já pronto nas feiras e mercados. Uma garrafa de 2 litros custa na média R$ 3, nos mercados de Belém e Manaus.
(...)"
(Trecho do texto "Gastronomia de viagem: mandioca-brava e tucupi", retirado do blog TrotamundosBlog. Disponível em: <https://rafatrotamundos.wordpress.com/2016/04/06/incursoes-gastronomicas-mandioca-brava-e-tucupi/>. Acesso em: 01 mai. 2019.)
30 min:
III. Bate-papo final.
AVALIAÇÃO
A avaliação se dá pelo registro do envolvimento dos alunos, bem como pela comparação dos conhecimentos prévios dos alunos, que foram apresentados na primeira etapa da atividade, com a apresentação oral e a lista de respostas entregues.
REFERÊNCIAS
MOON, Peter. A forma mais popular da mandioca é consumida há 9 mil anos. Agência FAPESP. 19 abr. 2018. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/forma-mais-popular-da-mandioca-e-consumida-ha-9-mil-anos/27608/>. Acesso em: 01 mai. 2019.
MATERIAL UTILIZADO NAS ATIVIDADES
BEZERRA, Katharyne. Chá de mandioca brava aumenta o apetite. TERRA SAÚDE, 01 fev. 2018. Disponível em: <https://www.chabeneficios.com.br/cha-de-mandioca-brava-aumenta-o-apetite/>. Acesso em: 19 nov. 2019.
MENINA é internada em estado grave após comer mandioca acidentalmente. G1, Santarém, 22 mai. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/menina-e-internada-em-estado-grave-apos-comer-mandioca-acidentalmente.ghtml>. Acesso em: 01 mai. 2019.
TROTAMUNDOS, Rafa. Gastronomia de viagem: mandioca-brava e tucupi. TROTAMUNDOSBLOG, 06 abr. 2016. Disponível em: <https://rafatrotamundos.wordpress.com/2016/04/06/incursoes-gastronomicas-mandioca-brava-e-tucupi/>. Acesso em: 01 mai. 2019.