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ATIVIDADES Aroeira-brava

EXPRESSÕES CULTURAIS

A AROEIRA-BRAVA

Aroeira-brava é nome popular para a Lithraea molleoides (Vell.) Engl., árvore da família Anacardiaceae. Outros nomes comuns são aroeira-branca e aroeirinha. É uma árvore que mede de 4 a 12 metros de altura, cujo caule é tortuoso, de casca fina e áspera, de cor acizentada. Ocorre desde o estado de Minas Gerais até o do Rio Grande do Sul. É uma espécie altamente tóxica e seu óleo pode causar edema e eritrema ao ter contato com a pele, os efeitos podem ser piorados com febre e mal estar geral, o que pode ser curado com o decocto da aroeira-mansa (Schinus molle). Por outro lado, pode ser indicada como depurativo, febrífugo, tratamento de diarréia, disenteria e afecções das vias urinárias e respiratórias (REYES, 2018).

Nesta unidade, temos 3 atividades, sendo 2  canções, 1 texto e 1 conto. Na atividade 1, temos a letra de uma canção do Luiz Gonzaga, que conta a história de uma amor que lhe causa coceiras, assim como a aroeira. Na atividade 2, temos uma canção do Geraldo Vandré e um texto que analisa essa canção, conforme o momento histórico em que foi escrita. Na atividade 3, temos um conto que envolve a aroeira-brava numa sessão de descarrego.

CONTEÚDOS A SEREM TRABALHADOS

Canções, lendas, contos, relações históricas que contemplam a aroeira-brava.

PROBLEMATIZAÇÃO

Responder as questões: "Como a árvore aroeira-brava se relaciona com a cultura popular e tradicional e como pode ser representada e usada nas expressões culturais e artísticas?"

PROCEDIMENTO DAS ATIVIDADES:

35 min:

I. Distribuir as atividades abaixo para as duplas que trabalharão com aroeira-brava:

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=pwSAM_bZmyc>. Acesso em: 26 nov. 2019.

Aroeira

Luiz Gonzaga

 

Passei um dia pela sombra da aroeira
Mas que árvore traiçoeira, veja em que eu fui me meter
Fiquei dez dias numa baita comichão
Corpo emzambuado desde o imbigo até o dedão

Desde esse dia, nunca mais entrei no mato
Prefiro carrapato a ter de novo a coçação

Desde esse dia, nunca mais entrei no mato
Prefiro carrapato a ter de novo a coçação

Pois teu amor comicha mais que aroeira
Vou fazer uma benzedura pra ele não me comichar
Faço uma cruz com três raminhos de alecrim
E antes que chegue no tempo, teu amor não coça em mim

Coça que coça, coça, coça, comichão
Vai coçar pra outras banda e deixa em paz meu coração

Coça que coça, coça, coça, comichão
Vai coçar pra outras banda e deixa em paz meu coração

Nós semos moço, temos a vida pela frente
Não faz mal que se a gente perde um pouco a esperar
Quando der jeito a gente ajeita um ranchinho
E junta o padre com os padrinhos sai da igreja e vai pra lá

E eu te coço, e tu me coça, e se coçemu
Eu grito: num se assustemo, General Onório Lemu
E eu te coço, e tu me coça, e se coçemu
Eu grito: num se assustemo, General Onório Lemu

1. A dupla analisa a canção a partir da seguinte pergunta: A canção "Aroeira" de Luiz Gonzaga fala de um amor que lhe causa "coceiras". Explique como o autor relaciona seu amor com a árvore aroeira e por quê? 

2. Prepare uma apresentação artística sobre a música e apresente para a turma. Algumas ideias são: tocar e cantar a música, apresentar uma coreografia, representar a canção numa história ilustrada, como quadrinhos ou livro... A dupla deve ser criativa, usar a imaginação e diversidade de materiais. O trabalho deve ser apresentado e/ou exposto na mostra cultural.

Atividade para a dupla AROEIRA-BRAVA 1

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Areoira-Brava

Atividade para a dupla AROEIRA-BRAVA 2

FONTE: <http://www.youtube.com/watch?v=Zxn5pkAEqY4>. Acesso em 26 nov. 2019.

Aroeira

Geraldo Vandré

 

Vim de longe, vou mais longe
Quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar

Noite e dia vêm de longe
Branco e preto a trabalhar
E o dono senhor de tudo
Sentado, mandando dar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar

Marinheiro, marinheiro
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro
Eu também sei governar
Madeira de dar em doido
Vai descer até quebrar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar

Texto: VANDRÉ, O CIPÓ DE AROEIRA NA OPRESSÃO

"Publicado em 01 de February de 2010 por Edson Terto da Silva

Vandré, o cipó de aroeira na opressão

 

Edson Silva

 

 

    Gravada por Vandré em 1968, ano que entrou em vigor o Ato Institucional no. 5 (AI 5), que praticamente baniu a cultura inteligente do Brasil, a música Aroeira prometia um acerto de conta contra os opressores de trabalhadores brasileiros, muitos dos quais, brancos ou negros, nem se davam  conta de quanto eram explorados. Na música, Vandré personifica-se em um cavaleiro viajante, vindo de longe, fazendo as contas que deveriam ser cobradas dos opressores, que tiravam vantagem do trabalho praticamente escravo dos operários.

    O artista também se personifica na figura do marinheiro que sabe governar seu barco, fazendo assim uma alusão ao povo brasileiro, que não tinha direito ao voto direto, mas que podia sim escolher e governar o próprio destino. O ano era 68, o Brasil só viria ter novamente uma eleição presidencial direta em 1989, portanto 21 anos depois e, no ano de 2002, os brasileiros elegeriam um homem vindo da pobreza, um operário forjado nas fábricas e na liderança sindical, Luiz Inácio Lula da Silva, o governante, que bem poderia personificar o marinheiro da música “Aroeira” de Vandré.

    Era a volta do cipó no lombo dos poderosos, que tiveram que engolir a vontade do povo, que seria repetida com a reeleição de Lula. Não estamos dizendo que a música seja alusão direta ao presidente eleito, até porque ela foi composta nos anos 60, época em que Lula sequer tinha iniciado sua carreira de sindicalista e muito menos de político, com a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), que ocorreria em 80. Mas as músicas e a coragem de Vandré extrapolavam tempo e espaço como se fossem realmente boas novas e profecias para todo um povo destinado a conquistar com determinação, raça e muita luta a liberdade e uma vida melhor.    

    Tinha sido assim com tantos povos oprimidos, não podia ser diferente para nós, a maioria dos brasileiros, que amam sua pátria, os justos direitos, o bem estar, a democracia... Em suma, Vandré falava claramente em música o que o povo era obrigado a calar nas ruas. Era possível ver nele semblante revolucionário como o de Ernesto Che Guevara, imortalizado em foto. Era nosso guerrilheiro das palavras, sem arma, sem boina estrelada e sem barba, mas de uma coragem ímpar disparada em saraivadas de palavras, rimas e ritmos. (...)"

(Trecho do texto "Vandré, o cipó de aroeira na opressão", retirado do site Webartigos. Disponível em <https://www.webartigos.com/artigos/vandre-o-cipo-de-aroeira-na-opressao/31970>. Acesso em: 08 mai. 2019.)

1. A dupla analisa a canção "Aroeira" de Geraldo Vandré e o texto "Vandré, o cipós da aroeira na opressão", considerando a crítica à ditadura militar que está presente em ambos.

2. Prepare uma apresentação artística sobre a música e apresente para a turma. Algumas ideias são: tocar e cantar a música, apresentar uma coreagrafia, representar a canção numa história ilustrada, como quadrinhos ou livro... A dupla deve ser criativa, usar a imaginação e diversidade de materiais. O trabalho deve ser apresentado e/ou exposto na mostra cultural.

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Aroeira-Brava

Atividade para a dupla AROEIRA-BRAVA 3

1. A dupla analisa o texto "Albininho e a sorte", considerando:

   a) Qual a função dos ramos da aroeira nesse conto? Porque o Pai de Santo usou outras plantas.    

   b) Quais conhecimentos populares levaram o Pai de Santo a usar a aroeira para o descarrego?    

2. Prepare uma apresentação artística sobre o texto e apresente para a turma. Algumas ideias são: tocar umaa música, apresentar uma coreagrafia, representar numa história ilustrada, como quadrinhos ou livro... A dupla deve ser criativa, usar a imaginação e diversidade de materiais. O trabalho deve ser apresentado e/ou exposto na mostra cultural.

Texto: Albininho e a sorte

"(...)

    O Pai de Santo refresca a boca com mais uma golada da pinga e continua:   

    - O cavalo aí ta com um encosto encostado muito grande e brabo. É preciso tirar no cipó, nos ramos da aroeira e de espada de São Jorge. Vai ser preciso muita malhação! Olha Albininho e ronca contorcendo-se. Albininho treme de medo de baixo em cima.

    A criatura solta um grito:

    - Diabo de Cambono! Cadê o cipó, a aroeira e a espada pro descarrego! O encosto não pode esperar!

    O rapazinho num salto entrega um amarrado de ramos ao Pai de Santo. Não prestou. O Pai de Santo separa três varas de aroeira e três de espada de São Jorge intercalando com alguns ramos de pimenteira. Faz um apanhado só e diz para os dois assistentes:

    - Agora vocês seguram o homem que o bicho vai sair. Vamos descarregar o homem.

    E descarregou mesmo. Aplicou uma sova no lombo de Albininho com aquele amarrado.

    Albininho gritava e o Pai de Santo batia justificando que não era o Albininho que reclamava das bordoadas e sim o seu encosto. Pai de Santo só parou de bater quando só sobraram os talos dos matos na mão.

    Depois da sova o Pai de Santo jogou em forma de cruz os restos de cachaça em suas costas e pernas vermelhas, de tanto ser surradas!

   Albininho foi descarregado e esfolado. Aprendeu. Desse dia em diante, jurou não ter mais amigos. Vai viver só. Antes só do que mal encomendado. Descobriu sua sorte com essa máxima:

   "Se tá macumbado, deixo os amigos de lado"."

(Trecho do texto "Albininho e a sorte", retirado do livro Piruletras de contos no quintal.  Disponível em: <https://books.google.com.br>. Acesso em: 08 mai. 2019.)

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Aroeira-Brava

60 min:

II. Mostra Cultural.

 

AVALIAÇÃO

O professor avalia a partir do envolvimento dos estudantes ao realizarem o trabalho e a fidelidade à obra original, no momento da apresentação.

REFERÊNCIAS

REYES, André. E. L. Árvores Medicinais: Aroeira-Brava. Trilhas da ESALQ,  São Paulo. Disponível em: <http://www.esalq.usp.br/trilhas/medicina/am14.php>. Acesso em: 27 dez. 2018.

MATERIAL UTILIZADO NAS ATIVIDADES

AROEIRA. Intérprete: Luiz Gonzaga. Compositor: Barbosa Lessa. In: Luiz “Lua” Gonzaga. Intérprete: Luiz Gonzaga. Sony BMG Music Entertainment, 1961, CD, faixa 8.

AROEIRA: Luiz Gonzaga. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/664052/>. Acesso em: 26 nov. 2019.

AROEIRA: Geraldo Vandré. Disponível em:<https://www.letras.mus.br/geraldo-vandre/83305/>. Acesso em: 26 nov. 2019.

AROEIRA-BRANCA (L. molleoides). Disponível em: <http://www.naturezabela.com.br/2011/08/aroeira-lithraea-molleoides-e-schinus.html>. Acesso em: 28 jan. 2020.

ARUEIRA. Intérprete: Geraldo Vandré. Compositor: Geraldo Vandré. In: Canto Geral. Intérprete: Geraldo Vandré. EMI Music Brasil, 1968, LP, faixa 9.

FERREIRA, Arzélio Alves. Albininho e a sorte. In: FERREIRA, Arzélio Alves. Piruletras de contos no quintal. Clube dos Autores, 2012.

GERALDO Vandré – Aroeira. MP O Retorno, 16 dez. 2017. 1 vídeo (3:28 min). Publicado por MP O Retorno. Disponível em: . Acesso em 26 nov. 2019.

LUIZ Gonzaga – Aroeira. Crisforroots, 1 vídeo (2:04 min). Publicado por Crisforroots. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=2cs7U04UL7g>. Acesso em: 26 nov. 2019.

SILVA, Edson Terto da. Vandré, o cipó de aroeira na opressão. WEBARTIGOS, 01 fev. 2010. Disponível em <https://www.webartigos.com/artigos/vandre-o-cipo-de-aroeira-na-opressao/31970>. Acesso em: 08 mai. 2019.

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